segunda-feira

DESENVOLVIMENTO ESTÉTICO


Ao mesmo tempo em que queríamos esclarecer sobre o assunto abordado, a meta era não fazer um documentário convencional. A secretaria de cultura de Guarulhos me deu total liberdade artística para criar:
Narrador, nem pensar, excluímos a figura do narrador e deixamos as informações orais a cargo dos entrevistados. Surge outro problema: Se não há narrador, teremos que mostrar muito os entrevistados, o que não falta em inúmeros documentários são "cabeças falantes" que se repetem. Outro problema foi a postura dura e artificial dos entrevistados, provavelmente causado pela presença da câmera, uma espécie de máscara fria, de uma seriedade nervosa.
Primeiro passo: Filmar o cotidiano da personagem, como se fazia no "cinema direto" americano. Filmamos os pequenos gestos. Misturamos essas imagens espontâneas às sérias que nos incomodavam, chamo isso de "máscara da espontaneidade " , a qual você manipula a favor de uma humanização do entrevistado ou simplesmente tira o peso que uma filmagem traz. Misturamos também as imagens litúrgicas e rituais a essas entrevistas, o que deu dinamismo ao filme.
Se na mitologia africana Exu é a dinâmica e sobretudo aquele que permeia a tudo que existe no mundo e no universo, não poderíamos fazer um filme jornalístico. Optamos pela poesia.

Nenhum comentário: